quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

É difícil falar em depressão.

Depressão é uma palavra difícil. Assumir que se está em depressão soa como alguém fraco, mole, que procura uma muleta pra se encostar. E eu, sempre tento aguentar a dor o quanto posso. Não sem sofrer, não sem reclamar, mas sempre achando que dá pra aguentar um pouco mais, esperar, tentar superar sozinha antes de pedir ajuda.

Ultimamente tenho me sentido como se houvesse um teatro escuro, com luzes bem fracas nos corredores laterais, a cortina do palco aberta e ao fundo um tecido preto. Quando me encontro com alguém ou marco de sair, um spot de luz é lançado sobre o palco, onde esse encontro acontece. Eu interajo com as pessoas normalmente, sou capaz de dar risadas, conversar, sorrir.

E quando estou fora de casa, seja num bar com amigos, seja com meu marido, seja sozinha, tenho vontade de continuar me movimentando, vendo gente, apreciando a natureza, sentindo o vento gelado no rosto, respirando o ar puro. Tenho vontade de caminhar, me exercitar. Porque tudo isso, mantém o palco colorido.

Mas, o meu trabalho requer concentração, leitura, estudo... e solidão. Requer que eu permaneça sentada por um longo tempo. E quando termina a ação sobre o palco, o spot se apaga, o teatro escurece e só sobra o fundo preto.

O teatro escuro, o fundo preto... isso tem cara de depressão. Mas, como dizer que alguém que consegue se divertir, sair de casa, rir está em depressão? Parece mais alguém com preguiça de trabalhar e que só quer fazer o que dá prazer.

É muito difícil falar em depressão.