Depressão é uma palavra difícil. Assumir que se está em depressão soa como alguém fraco, mole, que procura uma muleta pra se encostar. E eu, sempre tento aguentar a dor o quanto posso. Não sem sofrer, não sem reclamar, mas sempre achando que dá pra aguentar um pouco mais, esperar, tentar superar sozinha antes de pedir ajuda.
Ultimamente tenho me sentido como se houvesse um teatro escuro, com luzes bem fracas nos corredores laterais, a cortina do palco aberta e ao fundo um tecido preto. Quando me encontro com alguém ou marco de sair, um spot de luz é lançado sobre o palco, onde esse encontro acontece. Eu interajo com as pessoas normalmente, sou capaz de dar risadas, conversar, sorrir.
E quando estou fora de casa, seja num bar com amigos, seja com meu marido, seja sozinha, tenho vontade de continuar me movimentando, vendo gente, apreciando a natureza, sentindo o vento gelado no rosto, respirando o ar puro. Tenho vontade de caminhar, me exercitar. Porque tudo isso, mantém o palco colorido.
Mas, o meu trabalho requer concentração, leitura, estudo... e solidão. Requer que eu permaneça sentada por um longo tempo. E quando termina a ação sobre o palco, o spot se apaga, o teatro escurece e só sobra o fundo preto.
O teatro escuro, o fundo preto... isso tem cara de depressão. Mas, como dizer que alguém que consegue se divertir, sair de casa, rir está em depressão? Parece mais alguém com preguiça de trabalhar e que só quer fazer o que dá prazer.
É muito difícil falar em depressão.
"Tudo aqui é tão confuso..."
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
A vida sem pílula!
Olá, este é um post menos filosófico. Vamos falar de coisas práticas: a vida sem o uso de pílulas anticoncepcionais!
No semestre passado eu tive uma embolia pulmonar causada por uma viagem de longa distância. Como eu usava pílula há uns 20 anos, eu já tinha um fator de risco para trombose venosa profunda e fiquei muitas horas sentada durante a viagem, com apenas uma ida ao banheiro. Algumas semanas depois de chegar ao destino fui parar no hospital, era embolia pulmonar. Não vou entrar em detalhes sobre a embolia, porque não é o assunto do post, mas posso falar sobre isso outro dia se alguém se interessar (deixe nos comentários).
A questão é que, por causa da embolia eu precisei parar de tomar a pílula. Pra mim foi um pesadelo! Eu entrei em pânico! "Como assim parar com o anticoncepcional?" Tive medo de ter cólicas, fluxo menstrual intenso, escapes, ciclos totalmente desajustados, espinhas por todos os lados como na adolescência, dores nos seios, inchaço, mudanças de peso, oleosidade nos cabelos... Enfim, eu surtei! Mas, no fim, não foi nada disso.
Vejam, como eu tomava pílula há uns 20 anos, você pode calcular que eu não sou muito novinha... E o que eu vou falar aqui, certamente difere de mulher pra mulher e a idade deve ser um fator que influencia bastante as mudanças.
Vou enumerar as alterações que ocorreram, pra melhor ou pra pior.
No semestre passado eu tive uma embolia pulmonar causada por uma viagem de longa distância. Como eu usava pílula há uns 20 anos, eu já tinha um fator de risco para trombose venosa profunda e fiquei muitas horas sentada durante a viagem, com apenas uma ida ao banheiro. Algumas semanas depois de chegar ao destino fui parar no hospital, era embolia pulmonar. Não vou entrar em detalhes sobre a embolia, porque não é o assunto do post, mas posso falar sobre isso outro dia se alguém se interessar (deixe nos comentários).
A questão é que, por causa da embolia eu precisei parar de tomar a pílula. Pra mim foi um pesadelo! Eu entrei em pânico! "Como assim parar com o anticoncepcional?" Tive medo de ter cólicas, fluxo menstrual intenso, escapes, ciclos totalmente desajustados, espinhas por todos os lados como na adolescência, dores nos seios, inchaço, mudanças de peso, oleosidade nos cabelos... Enfim, eu surtei! Mas, no fim, não foi nada disso.
Vejam, como eu tomava pílula há uns 20 anos, você pode calcular que eu não sou muito novinha... E o que eu vou falar aqui, certamente difere de mulher pra mulher e a idade deve ser um fator que influencia bastante as mudanças.
Vou enumerar as alterações que ocorreram, pra melhor ou pra pior.
- Espinhas! Sim, eu passei a ter um pouco mais de espinhas. Eu já tinha algumas no pescoço, bem doloridas, de vez em quando, mas agora tenho um pouco mais e aparecem algumas nas costas. Mas, são só em alguns dias do ciclo. Tomei óleo de prímula, DIM (Di-Indol Metano), mas não percebi melhora. Então, eu uso um lápis da Dermage, chamado secatriz pra aliviar. Mas, o aumento do número de espinhas foi pequeno. Muito diferente da adolescência.
- Peso: dizem que a pílula incha e pode engordar e quando você para de tomar, você perde peso. Eu não notei isso, pelo contrário, parece que estou com um pouco mais de gordura abdominal e estou tendo muita dificuldade para emagrecer, mesmo almoçando só salada! Talvez, seja uma consequência da idade e não tenha muito a ver com a pílula, não sei.
- Seios: Antes eu tinha seios bastante doloridos. Praticamente todos os dias do mês. Tive vários nódulos e cistos e estava sempre fazendo acompanhamento. Agora, é incrível! Eu não tenho dor nenhuma! Posso apalpar, apertar... uma maravilha! E meus seios diminuíram um pouco também. Eu gostei porque, pra mim, quando menor, melhor. Quanto mais a gente tem, mais cai, sabe como é! hehehe....
- Oleosidade: alguns dias do mês minha pele fica beeeemmm oleosa. Preciso lavar o rosto no meio do dia porque me dá desespero. Mas, em compensação, as rugas, olheiras e marcas de expressão diminuíram! Yay!!! Passei a lavar os cabelos todos os dias e eles estão bonitos, sedosos e brilhantes.
- Cólicas: Felizmente, não tive cólicas! Nenhuma vezinha sequer! Maravilhoso! Por outro lado, agora eu sinto uma dorzinha quando estou ovulando, é mole?! Inacreditável! Muito chato isso. Mas, é só um dia ou dois no mês, uma agulhadinha na parte inferior do abdomem, só de um lado.
- Dores de cabeça. Eu sempre tive muitas dores de cabeça e enxaquecas, jamais imaginei que fosse por causa da pílula. Desde que parei, tive enxaqueca uma única vez! Ótimo!
- Ciclo e fluxo: meu ciclo está bem comportado. Não é sempre exatamente no dia certo como quando eu tomava pílula, mas tem uma certa regularidade. Enfim, não é nada que esteja me causando problemas. No primeiro mês o fluxo foi intenso, mas depois normalizou. Está tudo em paz!
- TPM: por incrível que pareça, não percebi uma mudança significativa na TPM. Tô de boa!
- Secreções vaginais: ah... isso não tem jeito... na semana da ovulação, eu sempre fico muito molhada pela manhã. Uso um protetor de calcinha e "dois xixis depois", já está tudo bem novamente.
- Sexo: o sexo melhora, heim?! hehehe... A libido aumenta e a lubrificação também. Muito bom!
Dúvidas? Deixe nos comentários.
Até a próxima.
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
Como se fosse a primeira vez...
Às vezes, tenho a sensação de que é uma bobagem tentar aprender com o passado. Falo por mim. Até o hoje o passado só me trouxe pensamentos negativos, desesperança, tristeza, insegurança sobre quem sou e sobre minha capacidade.
O peso dos meus fracassos é infinitamente maior do que o peso dos meus sucessos passados. Eu nem os considero como minhas conquistas, penso que foram apenas lances de sorte. Já os fracassos foram por minha culpa e incapacidade. Esses pensamentos só me trazem medo e insegurança sobre o futuro.
As lembranças boas da infância e das pessoas que se foram vêm carregadas de tristeza, não é uma saudade saudável, mas um lamento por não haver mais aquela felicidade. E sofrendo pelo passado, eu perco a oportunidade de construir felicidade no presente. É um ciclo de auto-destruição sem fim.
A verdade é que tudo que temos é o AGORA. Não importa o que fui no passado, não importa o que aconteceu. Meus fracassos... não importam. A juventude, beleza, saúde, tudo o que era não me pertence mais. Tudo o que tenho é o agora. Este corpo, este rosto, esta saúde, esta disposição. É só com isso que posso contar. O agora é este minuto sentada à mesa, escrevendo. O agora é o lindo sol que faz lá fora, o céu azul e o gramado verde. É o voar dos pássaros e as folhas caídas na sacada. É o silêncio que escuto e o frescor desta manhã.
Por que me preocupar ou estar ansiosa pelo futuro? Pelas possíveis dores, baseada numa mudança de vida. Pelo possível fracasso, baseada num desafio a enfrentar. Um futuro que não sei se chegará. O futuro é apenas um desejo, uma previsão, que pode não se concretizar. Por que me agitar para receber alguém que pode nunca chegar? Por que entristecer pela falha em uma prova que pode nunca ocorrer? Por que me basear no passado para acreditar que situações semelhantes no futuro terão o mesmo desfecho? Tudo o que tenho é o agora. E hoje, não sou a mesma de ontem.
"Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio" (Heráclito)
Deveríamos ter uma amnésia sobre todos os sentimentos ruins do passado, as brigas, as frustrações, as tristezas e acordar cada dia sem bagagem, "como se fosse a primeira vez..."
Porque cada dia é o primeiro da vida que ainda se tem pela frente. O agora é uma página em branco que podemos escrever sem peso, sem culpa pelo passado. Podemos ser diferentes a cada dia e o futuro não precisa repetir o passado.
Espero me lembrar sempre disso.
O peso dos meus fracassos é infinitamente maior do que o peso dos meus sucessos passados. Eu nem os considero como minhas conquistas, penso que foram apenas lances de sorte. Já os fracassos foram por minha culpa e incapacidade. Esses pensamentos só me trazem medo e insegurança sobre o futuro.
As lembranças boas da infância e das pessoas que se foram vêm carregadas de tristeza, não é uma saudade saudável, mas um lamento por não haver mais aquela felicidade. E sofrendo pelo passado, eu perco a oportunidade de construir felicidade no presente. É um ciclo de auto-destruição sem fim.
A verdade é que tudo que temos é o AGORA. Não importa o que fui no passado, não importa o que aconteceu. Meus fracassos... não importam. A juventude, beleza, saúde, tudo o que era não me pertence mais. Tudo o que tenho é o agora. Este corpo, este rosto, esta saúde, esta disposição. É só com isso que posso contar. O agora é este minuto sentada à mesa, escrevendo. O agora é o lindo sol que faz lá fora, o céu azul e o gramado verde. É o voar dos pássaros e as folhas caídas na sacada. É o silêncio que escuto e o frescor desta manhã.
Por que me preocupar ou estar ansiosa pelo futuro? Pelas possíveis dores, baseada numa mudança de vida. Pelo possível fracasso, baseada num desafio a enfrentar. Um futuro que não sei se chegará. O futuro é apenas um desejo, uma previsão, que pode não se concretizar. Por que me agitar para receber alguém que pode nunca chegar? Por que entristecer pela falha em uma prova que pode nunca ocorrer? Por que me basear no passado para acreditar que situações semelhantes no futuro terão o mesmo desfecho? Tudo o que tenho é o agora. E hoje, não sou a mesma de ontem.
"Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio" (Heráclito)
Deveríamos ter uma amnésia sobre todos os sentimentos ruins do passado, as brigas, as frustrações, as tristezas e acordar cada dia sem bagagem, "como se fosse a primeira vez..."
Porque cada dia é o primeiro da vida que ainda se tem pela frente. O agora é uma página em branco que podemos escrever sem peso, sem culpa pelo passado. Podemos ser diferentes a cada dia e o futuro não precisa repetir o passado.
Espero me lembrar sempre disso.
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Não consigo ser feliz.
Tenho a sensação de que tive muita sorte na vida, em diversos aspectos. Isso é bom, certo? Na verdade, depende de como você encara as coisas.
Pra mim, a impressão de ter tido sorte sempre vem acompanhada do sentimento de não merecimento, de fraude ou trapaça. E o sentimento de culpa por estar desfrutando de algo que não mereço traz consigo uma cobrança que nunca me deixa desfrutar plenamente desses "privilégios". É como estar diante de um banquete e comer só torradas.
Tenho tudo o que posso querer. Tenho sorte de conseguir o que desejo. Eu poderia ser a pessoa mais feliz do mundo! Mas, o sofrimento está sempre presente na minha vida, porque eu nunca me sinto digna.
Se passo num concurso e vêm me dar os parabéns, eu reajo com timidez e discrição. É quase como se tivessem descoberto que eu cometi um erro, um deslize, pra não dizer delito. Eu nunca consigo vibrar com uma conquista. Simplesmente porque não consigo enxergar meu êxito como fruto do meu esforço ou valor. Pra mim, não é uma conquista, foi apenas um golpe de sorte.
Um elogio raramente é visto como algo sincero e positivo. Em geral, acho que a pessoa está com pena de mim ou está querendo me incentivar. Qualquer coisa parecida com isso.
Já fiz terapia durante muitos meses. Já tratei desse assunto. Mas, esses sentimentos sempre voltam...
Será que alguém mais se sente assim?
Pra mim, a impressão de ter tido sorte sempre vem acompanhada do sentimento de não merecimento, de fraude ou trapaça. E o sentimento de culpa por estar desfrutando de algo que não mereço traz consigo uma cobrança que nunca me deixa desfrutar plenamente desses "privilégios". É como estar diante de um banquete e comer só torradas.
Tenho tudo o que posso querer. Tenho sorte de conseguir o que desejo. Eu poderia ser a pessoa mais feliz do mundo! Mas, o sofrimento está sempre presente na minha vida, porque eu nunca me sinto digna.
Se passo num concurso e vêm me dar os parabéns, eu reajo com timidez e discrição. É quase como se tivessem descoberto que eu cometi um erro, um deslize, pra não dizer delito. Eu nunca consigo vibrar com uma conquista. Simplesmente porque não consigo enxergar meu êxito como fruto do meu esforço ou valor. Pra mim, não é uma conquista, foi apenas um golpe de sorte.
Um elogio raramente é visto como algo sincero e positivo. Em geral, acho que a pessoa está com pena de mim ou está querendo me incentivar. Qualquer coisa parecida com isso.
Já fiz terapia durante muitos meses. Já tratei desse assunto. Mas, esses sentimentos sempre voltam...
Será que alguém mais se sente assim?
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Abroad
Hi there!
This is Alice, now the scientist who lives abroad.
I'm living in a small town in the USA. It is a beautiful place, specially because of the surrounding nature: grass, trees, birds, squirrels everywhere! Well, it is summer time, after all!!!
I've been so busy and "watched"... but sometimes we can meet here. Leave a message, leave a question.
See you soon.
This is Alice, now the scientist who lives abroad.
I'm living in a small town in the USA. It is a beautiful place, specially because of the surrounding nature: grass, trees, birds, squirrels everywhere! Well, it is summer time, after all!!!
I've been so busy and "watched"... but sometimes we can meet here. Leave a message, leave a question.
See you soon.
terça-feira, 30 de maio de 2017
A queda da idealista
Há anos atrás, ela dizia, orgulhosa de seus objetivos: "Não quero uma carreira que me dê dinheiro, não quero uma carreira que me dê fama. Tudo o que eu quero é fazer o que gosto." E lá foi a menina procurando se encontrar.
Depois de muita insatisfação, ela achou o seu lugar. Percebeu que sua paixão era investigar, estudar, analisar, conhecer. "Eu quero ser pesquisadora! Quero ser paga pra estudar."
Já com 26 anos, movida pelo desejo de fazer algo que ama e, assim, não ter que trabalhar um só dia em sua vida, ela saiu em busca do seu sonhou. O caminho era promissor, cheio de verde, de vida, de movimento e gente pra todo lado! No entanto, a caminhada foi longa e bem mais difícil do que ela esperava. Ela andou por 6 longos anos. Embora estivesse fazendo algo que gostasse, as dificuldades encontradas pelo caminho, o esforço, as cobranças lhe renderam muitas crises de gastrite, dores de barriga, momentos de desesperança e transtornos emocionais. Muitas pessoas foram ficando pelo caminho, mas ela persistiu. Foi quando avistou um cume. Parecia que ela tinha, finalmente, chegado. Mas, lá do alto, ela avistou outro cume, mais alto e percebeu que ainda faltava mais.
Não se tratava de orgulho, de querer ser mais que os outros. A questão era bem mais simples do que isso. A tarefa que ela gostaria de desempenhar não poderia ser realizada nesta altitude. Era preciso subir mais.
Ela acampou neste platô e descansou por 2 anos. O primeiro ano foi feliz, de descanso merecido. Contemplou a natureza, o verde, as montanhas ao redor. Como eram lindas as montanhas ao redor! Deu muitas risadas. Mas o segundo ano foi de frustração por se ver parada no pico intermediário, apenas contemplando de longe seu alvo principal. Finalmente, ela levantou acampamento e seguiu em frente.
A segunda etapa da viagem durou 4 anos. O trabalho não foi tão duro, não havia tanta cobrança, mas era frio, solitário e, a certa altura, desesperador! Ela enlouqueceu completamente. Sentia medo, tinha amnésias, caiu em depressão e, por fim, foi diagnosticada com transtorno bipolar. Embora se sentisse sozinha, ela recebeu muita ajuda emocional durante esses 4 anos, sem a qual ela não teria conseguido.
Enfim, ela se aproximava no ápice! Mas, que era aquilo? À medida que ela chegava percebeu que os últimos metros eram em um terreno muito íngreme e o topo, embora bastante vasto, estava repleto de gente. E não só o topo, havia muita gente pendurada, procurando um espaço, tentando subir. Ela só queria um cantinho, ali, bem onde ela chegou. E, de fato, avistou algumas vagas e alguns amigos. Lá se foi mais um ano de escalada. Mas, subir estava difícil demais. Enquanto alguns lhe estendiam a mão, outros a empurravam com os pés enquanto mais alguém conseguia subir na sua frente. Aos 39 anos, depois de tanto andar, ela só conseguia se sentir cansada.
Cansada. Sim. Ela estava cansada. E só conseguia pensar nisso, no quão cansada estava. Ela só queria ter uma profissão que amasse para desfrutar de uma vida feliz e livre de estresse (como Thomas Edson - "I never did a day's work in my life. It was all fun.") Mas, em busca desse objetivo ela gastou 14 anos se esforçando, qualificando-se, cobrando-se e sempre se sentindo inadequada, despreparada, insatisfeita... Durante 14 anos a vida passou por ela. Agora, às vésperas dos seus 40 anos, ela se vê sem emprego, sem dinheiro, sem perspectivas. Voltar não é uma opção. Resta continuar comendo as migalhas na base do pico pra se manter ali, próxima, e ter forças pra continuar tentando escalar e obter um lugar mais confortável onde (quem sabe?) terá um pouco de sol, conforto e satisfação.
Morreu a idealista. Hoje, sua visão é outra: "Profissão você não precisa amar. Faça algo que goste e que lhe dê dinheiro. Não precisa ser muito. Apenas o suficiente pra viajar e ser feliz. Você não precisa amar seu trabalho pra ser feliz, ame a vida!
"Life is what happens to you when you are busy making other plans." (John Lennon)
Depois de muita insatisfação, ela achou o seu lugar. Percebeu que sua paixão era investigar, estudar, analisar, conhecer. "Eu quero ser pesquisadora! Quero ser paga pra estudar."
Já com 26 anos, movida pelo desejo de fazer algo que ama e, assim, não ter que trabalhar um só dia em sua vida, ela saiu em busca do seu sonhou. O caminho era promissor, cheio de verde, de vida, de movimento e gente pra todo lado! No entanto, a caminhada foi longa e bem mais difícil do que ela esperava. Ela andou por 6 longos anos. Embora estivesse fazendo algo que gostasse, as dificuldades encontradas pelo caminho, o esforço, as cobranças lhe renderam muitas crises de gastrite, dores de barriga, momentos de desesperança e transtornos emocionais. Muitas pessoas foram ficando pelo caminho, mas ela persistiu. Foi quando avistou um cume. Parecia que ela tinha, finalmente, chegado. Mas, lá do alto, ela avistou outro cume, mais alto e percebeu que ainda faltava mais.
Não se tratava de orgulho, de querer ser mais que os outros. A questão era bem mais simples do que isso. A tarefa que ela gostaria de desempenhar não poderia ser realizada nesta altitude. Era preciso subir mais.
Ela acampou neste platô e descansou por 2 anos. O primeiro ano foi feliz, de descanso merecido. Contemplou a natureza, o verde, as montanhas ao redor. Como eram lindas as montanhas ao redor! Deu muitas risadas. Mas o segundo ano foi de frustração por se ver parada no pico intermediário, apenas contemplando de longe seu alvo principal. Finalmente, ela levantou acampamento e seguiu em frente.
A segunda etapa da viagem durou 4 anos. O trabalho não foi tão duro, não havia tanta cobrança, mas era frio, solitário e, a certa altura, desesperador! Ela enlouqueceu completamente. Sentia medo, tinha amnésias, caiu em depressão e, por fim, foi diagnosticada com transtorno bipolar. Embora se sentisse sozinha, ela recebeu muita ajuda emocional durante esses 4 anos, sem a qual ela não teria conseguido.
Enfim, ela se aproximava no ápice! Mas, que era aquilo? À medida que ela chegava percebeu que os últimos metros eram em um terreno muito íngreme e o topo, embora bastante vasto, estava repleto de gente. E não só o topo, havia muita gente pendurada, procurando um espaço, tentando subir. Ela só queria um cantinho, ali, bem onde ela chegou. E, de fato, avistou algumas vagas e alguns amigos. Lá se foi mais um ano de escalada. Mas, subir estava difícil demais. Enquanto alguns lhe estendiam a mão, outros a empurravam com os pés enquanto mais alguém conseguia subir na sua frente. Aos 39 anos, depois de tanto andar, ela só conseguia se sentir cansada.
Cansada. Sim. Ela estava cansada. E só conseguia pensar nisso, no quão cansada estava. Ela só queria ter uma profissão que amasse para desfrutar de uma vida feliz e livre de estresse (como Thomas Edson - "I never did a day's work in my life. It was all fun.") Mas, em busca desse objetivo ela gastou 14 anos se esforçando, qualificando-se, cobrando-se e sempre se sentindo inadequada, despreparada, insatisfeita... Durante 14 anos a vida passou por ela. Agora, às vésperas dos seus 40 anos, ela se vê sem emprego, sem dinheiro, sem perspectivas. Voltar não é uma opção. Resta continuar comendo as migalhas na base do pico pra se manter ali, próxima, e ter forças pra continuar tentando escalar e obter um lugar mais confortável onde (quem sabe?) terá um pouco de sol, conforto e satisfação.
Morreu a idealista. Hoje, sua visão é outra: "Profissão você não precisa amar. Faça algo que goste e que lhe dê dinheiro. Não precisa ser muito. Apenas o suficiente pra viajar e ser feliz. Você não precisa amar seu trabalho pra ser feliz, ame a vida!
"Life is what happens to you when you are busy making other plans." (John Lennon)
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Mais um "dia das mães" sem minha mãe
Este final de semana eu assisti o filme "Sete minutos depois da meia-noite" (A monster calls) e o filme transformou em texto sentimentos que há muito tempo eu gostaria de expressar:
Quando uma mulher se torna mãe, como ela mesma diz, seus filhos se tornam sua vida. Ela já não se importa consigo mesma.
Eles apertam "sua barrigona" ou sua "bunda mole" sem se importarem em ofendê-la. Eles jamais a vêem como mulher. Ela é mãe. Deixou de ser mulher que quer se sentir bonita, atraente e desejada. Seu marido não recebe mais a mesma atenção e carinho. Agora, ela demanda dele as tarefas de pai.
Na adolescência, ela prova do mais amargo fel. Eles aprenderam que "a função dela" é cuidar do seu bem-estar e seu amor é incondicional. Rebeldes, eles levantam a voz, discutem, batem portas ou não a obedecem quando são contrariados. Ela se sente sozinha, culpada, como se toda sua dedicação tivesse sido vã.
Quando adultos, talvez ela encontre um pouco de amizade e, se eles já saíram de casa, talvez consiga pensar um pouco em si mesma. Mas, ela sempre será mãe. Eles vão aparecer sem avisar, vão sempre assumir que ela prefere passar qualquer feriado com eles do que numa viagem ou com amigos. Eles nunca duvidam disso, nunca perguntam. E ela estará sempre preocupada com o bem estar "das crianças".
E mesmo no leito de morte, uma mãe não pode morrer em paz, porque lhe dói mais pensar nos filhos que ficam, sofrendo sua ausência, do que na própria vida que se lhe esvai do corpo. Afinal, sua vida são eles.
Quando uma mulher se torna mãe, como ela mesma diz, seus filhos se tornam sua vida. Ela já não se importa consigo mesma.
Eles apertam "sua barrigona" ou sua "bunda mole" sem se importarem em ofendê-la. Eles jamais a vêem como mulher. Ela é mãe. Deixou de ser mulher que quer se sentir bonita, atraente e desejada. Seu marido não recebe mais a mesma atenção e carinho. Agora, ela demanda dele as tarefas de pai.
Na adolescência, ela prova do mais amargo fel. Eles aprenderam que "a função dela" é cuidar do seu bem-estar e seu amor é incondicional. Rebeldes, eles levantam a voz, discutem, batem portas ou não a obedecem quando são contrariados. Ela se sente sozinha, culpada, como se toda sua dedicação tivesse sido vã.
Quando adultos, talvez ela encontre um pouco de amizade e, se eles já saíram de casa, talvez consiga pensar um pouco em si mesma. Mas, ela sempre será mãe. Eles vão aparecer sem avisar, vão sempre assumir que ela prefere passar qualquer feriado com eles do que numa viagem ou com amigos. Eles nunca duvidam disso, nunca perguntam. E ela estará sempre preocupada com o bem estar "das crianças".
E mesmo no leito de morte, uma mãe não pode morrer em paz, porque lhe dói mais pensar nos filhos que ficam, sofrendo sua ausência, do que na própria vida que se lhe esvai do corpo. Afinal, sua vida são eles.
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