quarta-feira, 3 de maio de 2017

Solidão

Não ter com quem conversar. Ninguém.
Não poder confiar em ninguém.
Não há quem não julgue. Não há quem possa me dar uma opinião, me sugerir algo de forma isenta, sem interesse próprio. O mundo é assim.

Eu sei que nem todas as mães são como descreverei, mas a minha era. E foi. E não existe mais.
Minha mãe era a única pessoa no mundo que me conhecia bem. Melhor do que eu mesma (era assim que eu pensava).
Se ela dizia que eu podia, eu acreditava. E conseguia.
Porque eu acreditava mais no que ela dizia sobre mim do que em mim, mesma.
E as crenças dela sobre mim eram as mais positivas, brilhantes e melhores possíveis!

Eu confiava nela. Ela nunca buscava seu interesse próprio.
Ela nunca me julgava mal (mesmo quando devia fazê-lo).
Eu podia me abrir com ela, dizer que estava cansada, que estava com preguiça,
que não queria continuar, que não gostava mais, que queria desistir...
Ela sempre me incentivava, mas nunca me julgava.
Ela nunca sairia de uma conversa dizendo que estava decepcionada com a minha falta de coragem,
ou que pensando no fracasso das minhas escolhas. Não!
Porque ela não acreditava nisso! Mesmo que eu falasse, mesmo que eu demonstrasse
fadiga, preguiça, derrota, despreparo...
Ela se recusava a acreditar. Ela me incentivava, me aconselhava,
fazia afirmações positivas sobre quem eu sou.
Ela me amava e torcia pelo meu sucesso.
Não precisava mais nada.

Hoje, estou vivendo uma situação na qual vivo um conflito emocional muito grande.
Preciso (na verdade, precisamos, meu marido e eu) resolver algumas situações práticas que envolvem questões emocionais e custos. Está muito difícil encontrar uma solução. Quem é de fora do meu círculo social, profissionais, aconselham-me a buscar ajuda em parentes e amigos. Tenho vergonha de dizer: já recorri a todos os meus parentes e amigos mais próximos. Todos estão vendo minha angústia e ninguém se dispõe a ajudar (na prática). Alguns se sensibilizam, escutam, sugerem, mas não se dispõem. Outros me criticam duramente, por antecipação, se eu escolher uma determinada opção para solução do meu problema.

Sentir-se sozinho.

Nada mais preciso para se testar a solidão do que precisar do comprometimento do outro.
Hoje, mais do que nunca, "se for dar trabalho, se for mexer na minha zona de conforto, procure outro, não a mim".

É assim: as pessoas são decepcionantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário